Como temos conversado - sem parecer overposting por mais de uma vez, a inteligência artificial (IA) já faz parte do dia a dia dos nossos alunos e, por tabela, da sala de aula. Como toda tecnologia nova, o desafio aparente para nós professores/educadores é: como podemos integrar essa nova realidade de forma eficaz e, principalmente, sem medo, já que não podemos ficar de fora deste processo?
Este post traz algumas reflexões que podem auxiliar neste caminho de construção de conhecimento sobre IA junto aos estudantes. Foi baseado em um documento ainda em construção da Comissão Europeia e da OCDE, com o apoio da Code.org e compartilha um panorama sobre a alfabetização em IA e como ela pode auxiliar a sua prática pedagógica.
Se quiser ver o framework original, clique aqui!
Já publicamos anteriormente, os parâmetros de competências e habilidades em IA para professores e estudantes elaborados pela UNESCO (se você não viu, o eprofessor fez uma síntese para você, é só clicar aqui!). É um material importante para trabalharmos em sala de aula que, junto com essa proposta aqui apresentada, se complementam.
Concretamente seus alunos interagem com a IA em seus smartphones, nos games que jogam, nos filmes e músicas que consomem no streaming e nas redes sociais, mas na maioria das vezes nem se dão conta de como ela funciona ou dos riscos envolvidos. É aí que a alfabetização em IA (AI Literacy) entra em cena para instrumentalizar os estudantes a:
- Navegar com Intenção: entender como a IA influencia a maneira como eles acessam informações e tomam decisões.
- Criar e Inovar: usar a IA como uma ferramenta para explorar ideias e criar soluções, mantendo sempre o olhar crítico e a autoria.
- Avaliar Criticamente: identificar as limitações da IA, como sua capacidade de alucinar inventando fatos e refletir sobre os impactos éticos em suas vidas e na sociedade em geral.
Para nós, professores, pode ser uma boa oportunidade em mediar os alunos por este caminho, trazendo possibilidades de construção de conhecimento e desenvolvimento de habilidades em outras searas não exploradas na sala de aula.
Como sempre, nesse processo, o professor é peça fundamental. Integrar a IA em sala de aula significa se tornar um curador e facilitador do processo de aprendizagem dos estudantes permite:
- Conectar o abstrato ao concreto: ajuda os alunos a ligarem os conceitos de IA a situações reais do cotidiano.
- Promover o diálogo: cria um ambiente seguro para discutir temas essenciais como justiça, vieses e ética na IA.
- Orientar o uso responsável: ensina a turma a usar a IA de forma ética, sempre de olho na faixa etária e nos objetivos pedagógicos.
Não é um caminho fácil pois exige estudo e dedicação para acompanharmos as tendências atuais sobre IA, já que o mercado é rápido e anda sempre à frente da Educação, por isso, formações, artigos, livros e posts como este, servem sempre como um apoio direcionado, já que tudo isso nos mostraque não é preciso reinventar a roda. O diferencial deste texto em construção é que o sucesso a longo prazo depende da integração da IA com os objetivos de aprendizagem que já temos, aliada a uma formação continuada de qualidade.
O texto faz referência à alfabetização em IA (ai literacy), que representa o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que permitem aos alunos viver em um mundo cada vez mais atravessado pela inteligência artificial. Isso inclui:
- Conhecimento: Compreender como a IA processa dados, como ela se diferencia do pensamento humano (e entender, por exemplo, como os vieses surgem!).
- Competências Essenciais: Habilidades genuinamente humanas que se tornam ainda mais relevantes:
- Pensamento Crítico: Para questionar a precisão e identificar vieses nos resultados gerados pela IA.
- Criatividade e Colaboração: Para usar a IA como parceira na geração e no refinamento de ideias
- Pensamento Computacional: Para decompor problemas e aproveitar as capacidades da IA.
- Atitudes Orientadas para o Futuro: Curiosidade, adaptabilidade, uma postura investigativa e o compromisso com o uso responsável da tecnologia.
O documento propõe quatro domínios principais de interação dos alunos com a IA. Pense neles como sugestões para explorar essa tecnologia em suas aulas:
- Envolver-se com a IA: Seus alunos já fazem isso automaticamente. É quando usam a IA como ferramenta para pesquisar ou obter recomendações. Nosso papel é ensiná-los a questionar a informação, verificar a validade e entender os limites.
Ideia prática: Peça aos alunos que pesquisem um evento histórico usando uma ferramenta de IA e, em seguida, comparem as informações com fontes confiáveis. Utilize várias IAs diferentes e compare resultados - GEMINI, GPT, DeepSeek, Perplexity... - Criar com a IA: Incentive seus alunos a usar a IA como uma parceira criativa para gerar ideias, seja para um projeto de literatura, uma melodia ou um design. O foco é que eles continuem sendo os autores finais, integrando criticamente as sugestões da IA.
Ideia prática: Sugira que os alunos usem um gerador de texto para criar o ponto de partida para uma história e, depois, a desenvolvam com suas próprias palavras e estilo. Aqui também pode ser interessante variar as IAs. - Gerenciar a IA: Mostre aos alunos como a IA pode otimizar tarefas. Ensine-os a escolher a ferramenta certa para cada objetivo e a dar instruções claras (a famosa engenharia de prompt ou prompt engineering). O objetivo é que a IA potencialize as capacidades humanas, não as substitua.
Ideia prática: Discuta como a IA pode ajudar a automatizar tarefas (como organizar dados ou revisar a ortografia), liberando tempo para que eles se concentrem em aspectos mais complexos e criativos do trabalho. Criar uma rotina de estudos ou um plano de otimização de tempo para várias disciplinas também pode funcionar. - Projetar a IA: Mesmo sem saber programar, os alunos podem entender os princípios por trás da IA. Explore como os dados influenciam o comportamento dos modelos e como o viés pode surgir. Isso ajuda a construir confiança e a capacidade de usar a IA para o bem.
Ideia prática: Apresente exemplos simples de como a IA é "treinada" (por exemplo, classificando imagens de gatos e cachorros) e discuta como um conjunto de dados desequilibrado pode levar a resultados injustos. Um programa bacana é o Teachable Machine do Google, que permite compreender o que é o aprendizado de máquina (machine learning) sem a necessidade de programação.
Clique na imagem para ampliá-la!
Outro componente importante na alfabetização em IA que o documento se refere é a questão ética. Cabe lembrar que a ética não é um tema a mais na alfabetização em IA. Ela deverá estar no centro de cada experiência de aprendizagem. Por isso, é fundamental que os alunos reflitam sobre:
- Quem se beneficia e quem é prejudicado pelo uso de uma determinada IA?
- Quais perspectivas são representadas (ou excluídas) nos dados e resultados da IA?
- Qual o impacto ambiental da IA? Quem é o proprietário do conteúdo gerado por ela?
Para compreender como a ética é importante no estudo de IA, incentive seus alunos a irem além do "o que a IA pode fazer" e a questionarem "o que ela deveria fazer" e "a quem ela serve".
Sabemos que este é apenas o começo da conversa e que temos um longo caminho pela frente. Mas iniciar o percurso incorporando essas reflexões em seus Planos de Ensino e Aula, é um compromisso que irá possibilitar a compreensão sólida e crítica da IA, preparando os estudantes para momentos nos quais essa tecnologia será uma constante. E você, como professor/educador só irá ficar mais expert no assunto!
Mesmo que você esteja apenas começando sua jornada com a IA, o mais importante é desmistificá-la, valorizar as competências humanas e integrar a ética em todas as discussões. O futuro da educação é construído com professores que abraçam o novo e guiam seus alunos através dele. Nada que fuja ao que você já desenvolve e propõe nas suas aulas! 😀
Este texto utilizou o NOTEBOOK LM para a primeira versão de síntese do documento original e foi revisado pela equipe editorial do eprofessor.
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