Saúde Mental, aprendizados e a importância de parar para o professor!

O post de hoje é diferente! Gostaria de propor uma reflexão sobre as férias do professor. Sobre a importância do descanso, afinal parar não é luxo, mas sim uma necessidade. Em tempos difíceis para a docência, onde o cenário se mostra cada vez mais complexo no que se refere aos vários aspectos que envolvem o ato de educar, descansar é fundamental. Já ouvi muito sobre a vantagem de ser professor, como férias duas vezes ao ano, emendas de feriados e semana de 5 X 2 de trabalho. Sim, é verdade, mas só quem está na docência, sabe que não é bem assim, já que há muito trabalho fora da escola, não é mesmo?

Fato é que, mesmo de férias, a cabeça do professor não descansa e ele volta com a mente cheia de ideias, como se a viagem tivesse sido um supercurso de aperfeiçoamento. Já sentiu isso?

Já compartilhei no LinkedIn sobre os aprendizados em relação à minha visita ao Instituto Inhotim, em Brumadinho, MG. Agora, quero contar como uma viagem aos Lençóis Maranhenses se transformou em um verdadeiro laboratório de inspiração para a prática em sala de aula. E o melhor: essas descobertas servem para qualquer área do conhecimento, não importa o que você ensine!

Imagine um lugar onde a natureza pinta as paisagens, onde dunas de areia parecem esculturas gigantes e as lagoas brilham em cores que a gente só vê em sonhos. Os Lençóis são um convite para a gente desacelerar e olhar o mundo com mais atenção, coisa rara atualmente, em época de IA, de aceleração constante e receitinhas pedagógicas! 

Primeiro, levei um tempinho para desacelerar e (re) aprender a olhar e analisar. Quem conhece os Lençóis, sabe que água, areia e céu se conectam de um jeito que nunca se repete. As cores das lagoas mudam com a luz e o movimento das dunas é constante. E o que a gente aprende com isso? A ter um olhar mais crítico, percebendo detalhes, além de compreender como tudo pode estar conectado. É uma lição prática sobre ecossistemas, geografia e ciclos naturais, arte, geometria ... Enquanto estava lá, pensei em pedir nas aulas descrições detalhadas de ambientes, mapas conceituais sobre ciclos e imagens que desafiam as leis da perspectiva!

Na imensidão dos Lençóis, que só existe no Brasil, a gente vê a organização da natureza em tudo, mas de um jeito perfeito. A linha do horizonte, o contraste das cores... é simplesmente uma lição de estética e estrutura. E daí é possível explorar os princípios de organização, escalas e proporções. Entender, na prática, como a forma que a gente enxerga algo pode mudar nossa percepção. Já pensou em elaborar projetos visuais para organizar informações, como infográficos ou diagramas? Ou ainda exercícios de planejamento, para que os alunos entendam como a estrutura de um projeto, de uma ideia ou de um texto é importante?

Lá, há inspiração em cada canto. A beleza e a singularidade dos Lençóis são uma injeção de ânimo para a imaginação. A gente se sente impulsionado a criar e a pensar em soluções diferentes para muitas coisas, até no contato com a população local, imaginando tecnologias para resolver alguns problemas reais que as comunidades enfrentam. Com isso, a gente aprende a pensar um pouco fora do senso comum, a inovar a partir do que vemos no mundo e a desenvolver soluções criativas para problemas de verdade. Já pensei em levar para as turmas desafios de design thinking inspirados nos problemas da comunidade ou do meio ambiente. Ou quem sabe, criar narrativas e histórias que se passem em cenários de tirar o fôlego?

O contato com a cultura local é um show à parte. A beleza natural é só o começo. A cultura rica da região, com suas tradições, lendas e o trabalho do seu povo, nos ensina muito. O artesanato local, feito com a fibra do buriti, mostra a conexão das pessoas com a natureza e sua criatividade. Tudo é aproveitado! Suco, sorvete, bolsas, bijouterias... Daí podemos pensar sobre processos de produção, valorização do saber popular e economia criativa. É uma forma de entender a história de uma comunidade através do seu trabalho. A inspiração para a aula? Quem sabe realizar pesquisas sobre o impacto socioeconômico do artesanato, ou ainda desenvolver projetos que ensinem sobre design e sustentabilidade, usando a fibra do buriti como case?

Há ainda as histórias interessantes que correm por lá, pois a região é cheia de lendas, como a do Bumba Meu Boi, o Touro Encantado, a Cidade Submersa, todas que se relacionam direta ou indiretamente com Dom Sebastião, que contam a história e os valores do povo.

Parêntesis: A lenda de Dom Sebastião no Maranhão, conhecida como Sebastianismo maranhense, é uma crença popular sobre o retorno do rei português Dom Sebastião, que desapareceu na Batalha de Alcácer Quibir em 1578. No Maranhão, a lenda se manifesta de forma única, com Dom Sebastião sendo visto como um rei encantado, muitas vezes associado a um touro que vaga pelas areias da Ilha dos Lençóis. (utilizei o GEMINI na busca de informações)

Assim, vê-se a importância da oralidade e da memória, pois compreende-se como a identidade de um povo é construída através das suas histórias. Nas aulas, que tal desenvolver projetos de storytelling, criação de contos e peças de teatro baseadas em lendas locais. Ou uma análise comparativa do folclore de diferentes regiões, incentivando o respeito à diversidade cultural?

Tive oportunidade de ir à uma Festa de São João, bastante tradicional em São Luís. Fiquei fascinada pelos ritmos que contam histórias! O Bumba Meu Boi e o Tambor de Crioula foram apresentações surpreendentes, e ainda danças típicas portuguesas da época da colonização! Aprendizado? Sobre diversidade cultural, como a arte é o reflexo de um povo e a importância dos rituais e das festas. Para as aulas, incentivar a criação de apresentações que explorem ritmos e movimentos, e, mais uma vez, promover debates sobre a importância da diversidade.

Por fim, não poderia deixar de falar da culinária local! O que seria de uma viagem sem a experiência da gastronomia? A culinária maranhense é um espetáculo à parte, um verdadeiro caldeirão de sabores que reflete a história e a diversidade da região. Pratos como o famoso arroz de cuxá, o camarão fresquinho e o peixe-frito nos ensinam muito sobre a relação com o mar e a terra. 

Parêntesis: o arroz de cuxá tem origem no período colonial brasileiro e mistura influências indígenas, africanas e portuguesas. O cuxá é uma erva típica (parecida com o coentro, mas de sabor mais forte) da região que dá nome ao prato. Além da erva, a receita leva camarão seco, pimenta-de-cheiro, alho, cebola, vinagreira (outra erva - é uma PANC - Planta Alimentícia Não Convencional) e farinha de mandioca. Tudo isso resulta em um prato saboroso e único, que conquistou o meu paladar e de muitos brasileiros. (utilizei o GEMINI na busca de informações)

O que a gente aprende com isso? Conexões entre geografia e culinária, a importância da sazonalidade, nutrição, além de matemática e química na prática de uma receita. Podemos pedir aos alunos para pesquisarem a origem de um ingrediente (de onde vem a vinagreira, por exemplo que eu só conheci lá) e seu valor nutritivo, como cultivar PANC ou ainda, criar um projeto de "receitas matemáticas", onde eles precisam calcular proporções para cozinhar para um número diferente de pessoas.

Enfim, a gente volta pra casa diferente. Com o coração mais tranquilo e a cabeça borbulhando de ideias. E então a gente vê que professor nem consegue descansar...tá sempre aprendendo e pensando nos seus alunos. É da natureza, sabe? A gente volta com um olhar mais curioso, o mundo se torna uma sala de aula gigante, cheia de oportunidades de aprendizado em todos os lugares. A criatividade se renova, pois a gente se desconecta para se reconectar com a nossa criatividade. A rotina do professor é pesada, e novas experiências são o nosso melhor combustível. A gente faz mais conexões, por que a natureza e a cultura nos mostram que todas as áreas do conhecimento estão interligadas. A gente aprende na prática, vivendo experiências que nos mostram como o aprendizado é poderoso quando é real, e a gente pode levar essa mesma energia para os nossos alunos.

Por isso,  pausa não é luxo, é necessidade! Por que as férias são tão importantes para o professor?
  • Pra não esgotar a energia: a gente precisa de um tempo pra se desconectar de verdade. O recesso do meio do ano é aquele respiro necessário depois de um primeiro semestre intenso. Já as férias de fim de ano são o período de descompressão total, o momento de zerar a cabeça e voltar com o tanque cheio.
  • Pra criatividade florescer: a criatividade não funciona sob pressão. Ela precisa de tempo e de espaço para que as ideias possam ser semeadas. Uma pausa e a exposição a novos cenários e culturas nos dão um empurrão para inovar em sala de aula.
  • Pra cuidar da gente: férias e pausas são essenciais para cuidar da nossa saúde mental e física, algo que a correria do dia a dia muitas vezes nos faz esquecer.
  • Pra reconectar: é o momento de fortalecer os laços com a família e os amigos, de ler um livro por puro prazer ou de simplesmente não fazer nada. Isso nos ajuda a manter um equilíbrio saudável.
Então, da próxima vez que você planejar suas férias, pense: será que essa viagem é para relaxar ou acender uma nova chama para a minha prática pedagógica? Os dois! 

E se você for para os Lençóis Maranhenses, filtro, óculos, chapéu, câmera fotográfica e canga não podem faltar na sua mala!






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