Nos últimos tempos, temos falado muito em tecnologia: inteligência artificial, inovações digitais, telas que prometem revolucionar o ensino, telas que emburrecem... Mas, no meio de tantas coisas, surge uma pergunta urgente: será que em meio a tudo isso, estamos dando voz aos nossos alunos?
A Semana da Escuta da Adolescência, pesquisa inédita promovida pelo Ministério da Educação, trouxe à tona uma realidade que não pode ser ignorada. Do 6º ao 9º ano, estudantes de 21 mil escolas públicas participaram. São mais de 1,5 milhão de vozes, entre elas 1,2 milhão de adolescentes pardos, 260 mil pretos e 60 mil indígenas — mostrando o quanto é diversa e complexa a escola brasileira.
E o que eles têm a nos dizer?
A escola é, sim, um lugar de amizades: oito em cada dez estudantes afirmam ter amigos ali. Mas quando o assunto é confiança, os números caem. Pouco mais da metade sente-se acolhida por professores e gestores. E apenas três em cada dez adolescentes dizem poder falar com liberdade.
Isso revela um cenário preocupante: ainda tratamos nossos alunos como ouvintes passivos, e não como protagonistas. Estruturas rígidas, aulas que pedem silêncio absoluto e pouca abertura para diálogo são barreiras que sufocam a expressão juvenil.
Nesse contexto, a tecnologia aparece como um fator ambíguo. Se por um lado poderia ampliar oportunidades de expressão, na prática muitas vezes reforça o isolamento. Jovens estão mergulhados em redes sociais, em interações com sistemas de IA e em um consumo intenso de conteúdo — sem acompanhamento, sem mediação, sem escuta.
Não se trata apenas de culpar as grandes empresas de tecnologia. A omissão também é nossa: quantas vezes decidimos algo sobre a vida escolar de um aluno sem sequer consultá-lo? Quantas vezes usamos a tecnologia mais como distração do que como ferramenta de aproximação?
Mais que números, um chamado
Os resultados da Semana da Escuta não são apenas estatísticas. São um lembrete contundente de que inovação tecnológica não substitui a essência das relações humanas. O que nossos jovens pedem é simples, mas poderoso: escuta, confiança, espaço de fala.
Que a tecnologia, em vez de impor silêncio, possa ser usada como canal de diálogo e criatividade. E que nós, educadores, possamos começar sempre com perguntas que abrem caminhos!
Quer conhecer a pesquisa? Clique aqui para acessar.

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